domingo, 7 de fevereiro de 2016

Por que amamos o Dia do Senhor


O DIA DO SENHOR.

“Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 118:24).
“Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta”(Ap 1.10).
É Seu como exemplo. É o dia em que descansou de Sua assombrosa obra de redenção. Do mesmo modo que Deus descansou no sétimo dia ao acabar suas obras, declarando bendito assim o sábado, consagrando-o de maneira especial sobre os demais dias, assim o Senhor Jesus Cristo descansou neste dia de toda sua agonia, penalidade e humilhação. “Portanto, resta um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.9). O dia do Senhor é Sua propriedade do mesmo modo que a Ceia do Senhor Lhe pertence. Ela é Sua mesa, Seu pão, Seu vinho. Com ela chama Seus convidados. Os enche de gozo e do Espírito Santo. Assim é com o dia do Senhor. Todos os dias do ano são de Cristo, porém de cada sete, um é especial; é para Ele o dia do mercado, o dia em que sai em busca das almas para adquiri-las. Ele o fez e o estabeleceu com este motivo. Do mesmo modo que plantou o jardim do Éden, assim cercou este dia e o fez Seu de forma particular.

Esta é a razão porque o amamos e o dedicamos a Ele inteiramente. Amamos tudo que é de Cristo. Amamos Sua Palavra. Nos é mais preciosa do que milhares de ouro e prata. “Quanto amo a tua lei!” (Sl 119). Amamos Sua casa. É o lugar de nosso encontro com Cristo, onde Ele se encontra conosco e rodeia nosso lugar com suas misericórdias. Amamos Sua mesa. É o lugar em que é adornada diante de nós, verdadeiro banquete em que Sua bandeira sobre nós é o amor, onde desfaz nossas cadeias e unge nossos olhos e faz arder, inflamar nossos corações com santo gozo. Amamos a Seu povo, porque os que o compõem são seus, membros de Seu corpo, lavados em Seu sangue, cheios do Seu Espírito Santo, nossos irmãos e irmãs por toda a eternidade. E amamos o dia do Senhor porque é Seu. Cada hora dEle nos é mui cara, mais doce que o mel, mais preciosa que o ouro. É o dia em que Ele se levantou do sepulcro para nossa justificação. Nos recorda Seu amor e Sua obra completamente acabada e perfeita, e seu descanso da mesma. E ousadamente podemos dizer que quem não ama nem defende a inteira dedicação ao dia do Senhor, não ama de fato a Jesus Cristo.

O DIA DO SENHOR É UMA RELÍQUIA DO PARAÍSO DO ÉDEN E UM TIPO DO CÉU.

O primeiro surgiu entre os enramados jardins de um paraíso sem pecado. Quando Adão foi feito à imagem de seu Criador, foi colocado no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo. Sem dúvida consumiria suas energias. Recolher os ramos de uva, colher os frutos das figueiras e palmeiras, canalizar a água para regar as árvores frutíferas e flores requeria todo seu tempo e habilidade. O homem nunca foi criado para permanecer inativo.

No dia do Senhor, todos seus instrumentos rurais deviam ser encostados, o jardim naquele dia não requeria mais cuidados. Sua pura e serena mente podia olhar além do que se vê neste mundo de realidades não espirituais. Caminhava no horto buscando um mais profundo conhecimento de Deus e seus caminhos, com seu coração mais e mais inflamado de amor e com seus lábios em perfeitos louvores. Ainda no paraíso terreno o homem necessitava desse dia. Sem ele ainda o mesmo Éden estaria incompleto. Quem pouco sabe dos prazeres do Éden, das delícias da íntima comunhão com Deus, os que desejam arrancar do domingo esta relíquia do mundo que durante certo tempo foi sem pecado!

É TAMBÉM UM TIPO DO CÉU

Quando o crente deixa de lado sua pluma ou seus telhares, abandona seus cuidados terrenos, troca suas roupas de trabalho pelas de um dia festivo e vem à casa de Deus, prefigura o que sucederá no dia em que cessará a grande tribulação para apresentar-se às bodas do Cordeiro, ao ser levado feliz à presença do Senhor. Quando se senta a ouvir a Palavra de Deus e escuta a voz do pastor, guiando e alimentando sua alma, evoca aquele tempo quando o Cordeiro estará no meio do trono e alimentará e guiará sua alma à fontes de águas vivas. Quando une seu louvor entoando os salmos do saltério, pensa no dia quando terá em suas mãos a harpa celestial entoando o cântico:

“Onde das congregações não haverá separação, nem o dia do Senhor nenhuma interrupção”.
Quando ele se recolhe à sua casa e tem comunhão com Deus em seu lugar secreto, ou como Isaque em algum lugar próximo à sua tenda, porém em intimidade, pensa naquele dia quando “será coluna na casa de nosso Deus, e nunca mais sairá fora”.

Esta é a razão porque amamos o dia do Senhor. Esta é a razão porque chamamos ao domingo dia de delícias. Compreendemos e sentimos que um domingo bem dedicado ao Senhor e às almas é um dia de céu na terra. Por esta razão desejamos que nossos domingos sejam inteiramente dedicados a Deus. Amamos passar todas as horas do domingo nos exercícios públicos ou privados da adoração a Deus, a menos que qualquer urgente demanda deva ser atendida por motivos de necessidade ou de misericórdia. Em sua manhã nos é grato levantarmos cedo e dormirmos tarde, com o objetivo de que nos resulte um dia longo, a fim de que seja mais duradoura nossa comunhão com Deus.

Que pouco sabem disso os que nunca estarão no céu! Uma palha flutuando na superfície de uma corrente de água pode indicar-nos a direção que ela segue. Aborreces o dia do Senhor? É para você uma espécie de inferno sua observância? O que te diz estas palavras já passou por um tempo em que se sentiu como você. Não achas em sua observância nenhum descanso ou paz. Dizes: “Que pesado é”. “Quando se abolirá o dia do Senhor e poderei me dedicar inteiramente aos meus negócios?”. Ah, mui certamente te acharás no inferno! O inferno é o lugar único e adequado para ti; é o que te corresponde. O céu é um desejado, permanente santo dia do Senhor. Em troca, no inferno não há dia do Senhor.

É UM DIA DE BÊNÇÃO

Quando Deus instituiu o sétimo dia no paraíso, disse: “E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou” (Gn 2.3). Não só o consagrou como um dia santo, mas o fez um dia de bênção. Também, quando o Senhor se levantou da morte no primeiro dia da semana antes que alvorecesse, se revelou a Si mesmo aos seus discípulos que se dirigiam a Emaús e com sua conversa fazia arder seus corações (Lc 24.13). Na mesma tarde daquele dia se apresentou no meio dos seus discípulos e disse: “Paz seja convosco!” (Jo 20.19). E soprou sobre eles dizendo: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22). Novamente, passados setes dias, isto é, no domingo seguinte, Jesus de novo veio e se pôs no meio deles e com inefável graça e misericórdia se revelou a si mesmo ao incrédulo Tomé (Jo 20.26). Foi também no dia do Senhor que o Espírito Santo foi derramado em Pentecostes (Atos 2.1, comparado com Lv 23.15,16 – “ Contareis para vós outros desde o dia imediato ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia imediato ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias; então, trareis nova oferta de manjares ao SENHOR.”). Aquele princípio de bênçãos espirituais, aquele primeiro advento do Espírito à igreja cristã, teve lugar no dia do Senhor. Nesse mesmo dia o amado João, em seu exílio na ilha de Patmos, longe da congregação dos santos, ficou cheio do Espírito Santo e teve a visão celestial que o fez escrever o livro que temos chamado Apocalipse ou Revelação. Assim é que em todas as épocas, desde o princípio do mundo e em qualquer lugar onde há um crente, o dia do Senhor tem sido dia de dupla bênção. Todavia é assim e seguirá sendo mesmo que todos os inimigos de Deus ranjam os dentes. Certamente Deus é um Deus de graça e Sua obra Ele não entrega a nenhum limite de lugar ou de tempo. No entanto, é igualmente certo que todo escárnio e engano dos ímpios não poderão alterar Seus desígnios; desígnios determinados por Sua vontade: bendizer de forma especial e abundante a Sua Palavra no dia do Senhor. Os fiéis pastores de todos os países podem testificar que os pecadores se convertem mais freqüentemente no dia do Senhor, que Jesus se manifesta a Si mesmo por meio da pregação e das ordenanças mais freqüentes em Seu próprio dia. Os santos, como João, são chamados pelo Espírito Santo no dia do Senhor e se regozijam com serenas e profundas visões da eternidade.

TER EM ALTA ESTIMA O DIA DO SENHOR

Quanto maior for o desprezo e desdém dos que o tratam, vós amai-os mais e mais. Quanto mais fortemente se desencadeia a tormenta de blasfêmias uivando ao vosso redor, sente-se aos pés do Senhor mais intimamente. Ele deve reinar até que haja posto a seus inimigos por estrado de seus pés (Hb 10.13). Aproveite diligentemente todo seu santo tempo. Deverias convertê-lo no dia mais ocupado dos sete; embora que somente nos negócios do vosso Pai. Evita o pecado nesse dia santo. Todo filho de Deus deve evitá-lo cada dia, porém principalmente no dia do Senhor. É tanto um dia de dupla bênção como de dupla maldição. O mundo terá que responder pelos seus pecados cometidos no santo tempo do Domingo. Passa o dia do Senhor em Sua presença. Passa-o como havereis de passá-lo no céu. Que os louvores e as obras de misericórdia ocupem muito do seu tempo como ocupam do Senhor mesmo.

DEFENDENDO O DIA DO SENHOR

Levante vosso sereno e de algum modo acovardado testemunho contra as profanações do dia do Senhor. Use toda vossa influência, seja como homem de estado, ou como magistrado, ou professor, ou como pai, ou como amigo tanto publicamente como em secreto, para lutar em defesa da eterna dedicação ao dia do Senhor. Esta obrigação é imposta pelo mesmo quarto mandamento. Não olheis nunca qualquer infração do domingo sem reprovar o transgressor. Mesmo os mais mundanos, com todo seu orgulho e menosprezo contra nós, não podem impedir que os recriminemos de quebrar o dia do Senhor. Recordais sempre que Deus e a Bíblia estão a vosso lado e vereis como estes homens maldirão seu próprio pecado e loucura mesmo que infelizmente tarde demais. 

Compatriotas cristãos, despertai e, cheios do mesmo espírito que libertou nosso país das negras superstições do passado, lutemos contra a invasora corrente de infidelidade e inimizade contra o domingo.

Vós, homens culpados que sob a inspiração de Satanás estais guiando os obscuros exércitos dos que quebram o dia do Senhor, vossa situação está carregada de responsabilidade. Sois ladrões; roubais ao Senhor Seu santo dia. Sois assassinos: atentais contra a vida das almas de vossos servos, ou dependentes. Deus disse: “...não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro” (Ex 20.10), porém vós os compelis a quebrar a Lei de Deus e vendeis suas almas para obter com miserável ganância. Sois pecadores que pecais conscientemente contra a luz de vossa consciência. Vossa Bíblia, as palavras de vossos familiares piedosos e as ternas admoestações dos fiéis homens de Deus soam em vossos ouvidos, no entanto permaneceis perpetuando vossa vergonhosa obra e os vos gloriais nisso. Sois traidores. Não foi a quebra constante do sábado o que fez com que Deus reprovasse a Seu povo, Israel? E vós tratais de trazer a mesma maldição. Sois suicidas morais, que assassinais vossas próprias almas, proclamando ao mundo que não sois povo de Deus e precipitando sobre vossas almas a sentença de que se fazem réus os que quebram o dia do Senhor.

É sábio participar da opinião dos que interpretam a seu gosto a vontade de Deus relativa ao dia do Senhor; interpretação dos infiéis, os que menosprezam, os que não vivem santamente; homens que têm os olhos cegos para as coisas de Deus; os inimigos da justiça, que citam a Sagrada Escritura como Satanás, para enganar e trair?

Se, em oposição ao unânime testemunho dos mais sábios e mais santos servos de Deus, contra os claros avisos da Palavra de Deus, contra as mesmas palavras de vosso catecismo aprendido aos joelhos de vossa piedosa mãe, contra a voz de vossa injuriada consciência, vos unis às fileiras dos que traspassam o dia do Senhor, não é isto pecar contra a luz, não é enganar gravemente as vossas almas; não é constituir-se réus do justo juízo de Deus?


Minha oração é que estas palavras de verdade e sobriedade os chame a atenção com as mesmas palavras de Deus e alcancem vossos corações com todo Seu divino poder.

Adp. de "Eu Amo o Dia do Senhor" de Robert M. McCheyne

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